Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017, nosso País tem o maior número de pessoas ansiosas do planeta, são 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) que convivem com o transtorno

Fonte da imagem - https://chibimundo.es/2018/11/la-culpa-y-la-verguenza-tras-la-rabia/

Ansiedade e a Psicologia Clínica

Nesse vídeo explico mais sobre a Ansiedade.

"Na depressão eu não me preocupo com nada, na ansiedade eu me preocupo com tudo"

Ansiedade é uma palavra que provém do latim anxia, anseio, ânsia por algo que virá. É um afeto caracterizado por sentimentos de tensão, preocupação e pensamentos ruins.

Isso mesmo, a ansiedade é um afeto (que são sentimentos que afetam, é como a gente escuta afetivamente algo, a angústia é o único que não mente, eles são qualidades, por isso eles afetam a consciência e não há afetos inconscientes, ele não é recalcado, ele é reprimido), a ansiedade tem a ver com a retenção de afeto.

Biologicamente, a ansiedade basicamente estimula para a ação, seja ela luta ou fuga quando há ameaças ou frustrações. Ela em si não é uma doença, é necessário termos algum nível de ansiedade no nosso corpo, isso é o que nos move a romper com os nossos limites. O problema é quando ela deixa de ser algo que nos movimenta, para ser algo que nos paralisa.

Na ansiedade normal, a amígdala, através do hipotálamo, envia uma mensagem ao sistema

nervoso autônomo ( o nome já diz, ele tem autonomia própria, nós não o controlamos, é ele quem regula a frequência cardíaca, pressão arterial, constrição/dilatação pupilar…) Enfim, esse SNA, vai enviar uma reação química em cadeia para todo o corpo se preparar para a ação (luta ou fuga).

No Transtorno, o organismo passa a enviar maior alerta do que o corpo pode suportar, em vez de auxiliar o organismo ele passa a atrapalhá-lo. Então, como o corpo reage a essa sobrecarga de alertas? Simples, surge então os sintomas.

Sintomas de ansiedade

Sintoma é a queixa do paciente, o que ele relata que está ruim em seu corpo, o nome e o sentido que ele dá a sua dor.

Começa com um sintoma emocional - tristeza, nervosismo, angústia

Com isso desencadeia os sintomas físicos

SINTOMAS FISIOLÓGICOS: coração acelerado, sensação de formigamento, falta de ar, sudorese, tontura, dor de cabeça, dores musculares, insônia

E agora que tudo isso já está instaurado, ele passa a afetar o comportamento

SINTOMAS COMPORTAMENTAIS: eu me torno agressivo, impaciente, impulsivo

E por fim, alcança a área de cognição (que significa conhecimento, como a pessoa passa a

conhecer as coisas)

SINTOMAS COGNITIVOS: dificuldade de concentração, dificuldade de tomar decisões, e o clássico da ansiedade preocupações excessivas.

Agora que os sintomas fizeram a base para a ansiedade se assentar, se instala um transtorno, e surge os transtornos Ansiosos

Transtornos Ansiosos

TAG que se resume em nervos à flor da pele, a pessoa fica ansiosa em todas as áreas.

Transtorno de pânico - Um ataque intenso agudo de ansiedade acompanhado por sentimentos de desgraça iminente

Ataque de pânico – Você compacta uma ansiedade de um dia todo e solta na vida da pessoa em 10 min, isso é tão intenso que muitos desmaiam, vomitam, acham que estão tendo um enfarte.

Fobia social - É uma timidez excessiva, ela não fala em público por medo de ser excluída

Agorafobia - medo ou uma ansiedade em relação a lugares abertos dos quais a fuga possa ser difícil.

A fobia específica - é um medo intenso e persistente de um objeto ou de uma situação.

Transtorno de pânico, Agorafobia, Fobia específica, Transtorno de ansiedade social (fobia social), Transtorno de ansiedade generalizada, Outros transtornos de ansiedade

A diferença entre a condição normal e a patológica é tênue. Em relação ao segundo tipo, com frequência, o organismo manifesta a ansiedade com maior intensidade do que a necessária para a tarefa em questão, ou a situação é tão traumática que a ansiedade não é contida pelo self.

Transtorno Comum

Segundo recentes pesquisas (Revista Internacional de Psiquiatria e Saúde Integral, 2001), depois dos transtornos por abuso de substâncias, os de ansiedade constituem o tipo de transtornos psiquiátricos mais frequentes na população em geral. (ZIMERMAN, p. 295)

Stress X Ansiedade

Stress é um mecanismo de defesa contra um agente agressor, a ansiedade tem a ver com uma falha do desejo o que surge a censura.

Dados da OMS

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017, o País tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno.

A prevalência da ansiedade a nível mundial é: Mulheres de 40-49 anos, e homens de 15 a 19 anos.

No brasil há poucos estudos, o primeiro feito pelo Instituto Nacional de Psiquiatria do desenvolvimento para a criança e Adolescentes em 2015, apontou que 13% das crianças entre 6 e 16 anos tinham problemas mentais, o mais prevalente era o da ansiedade 7%, o TDAH 4,5% e depressão 0,5%.

Ansiedade e INSS

Dados da Secretaria da Previdência, TA cresceram 17% em 4 anos, mais de 22.6mil em 2012, ara 16,5 mil em 2016, e a disposa com a união foram de 1,3Bilhão, a ansiedade corresponde a afastamento de 2 em cada 10 afastamento por transtornos mentais, e a depressão 3 em cada 10.

Diferença de medo X Ansiedade

O DSM5, define bem essa diferença.

Medo é a resposta emocional a uma ameaça iminente real, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura.

O medo é a resposta a uma ameaça externa, real; a ansiedade é uma resposta a uma ameaça interna desconhecida.

Causas da ansiedade

Predisposição genética está ligado a um histórico de transtorno ansiosos na família

Fatores ambientais Como pressão no trabalho e situações familiares

Fatores emocionais emoção é como eu expresso o afeto que recebi. Gerados por crenças adquiridas durante a vida.

Como tratar a ansiedade

A ansiedade não se cura com o tempo, pelo contrário, como qualquer transtorno ela só tende a piorar, o que pode acontecer é que você parou de prestar atenção aos sintomas dela, pois ela não se cura sozinha, é preciso de ajuda de profissionais da área de psicologia (e suas abordagens), psicanálise, e psiquiatria. Se o que você busca está fora dessa esfera, o máximo que você fará é gastar seu tempo e seu dinheiro, pois somente essas pessoas são habilitadas para tratar esse tipo de transtorno.

A psicoterapia clínica é extremamente fundamental, pois a medicação vai lidar com o sintoma, não com a causa, o por quê de você ter desenvolvido essa ansiedade, os medicamentos não vão resolver o trauma que você teve, o seu abandono, a sua violência, o seu medo... somente a psicoterapia pode entrar nessas áreas e resolver isso para o paciente.

Diferentes medicamentos são usados no tratamento de transtornos de ansiedade, incluindo os tradicionais medicamentos ansiolíticos (normalmente prescritos para uso em curto prazo) e antidepressivos (geralmente como uma solução de ansiedade de longo prazo).

Os principais remédios para ansiedade são:

Bupropiona, Paroxetina, Fluoxetina, Centralia, Rivotril - especialmente para quem tem dificuldade de dormir, Ritalina - especialmente para quem tem dificuldade de concentração.

Grávidas estressadas e ansiosas, tem chances de darem a luz a crianças medrosas e inibidas

Um estudo de 2007, publicado no Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, demonstrou que o estresse na gravidez aumenta os níveis de cortisol (é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, que estão localizadas acima dos rins. A função do cortisol é ajudar o organismo a controlar o estresse, reduzir inflamações, contribuir para o funcionamento do sistema imune) materno. Avaliações subsequentes das crianças concebidas sugerem que essa exposição fetal ao cortisol elevado aumenta o risco de desenvolvimento de alterações comportamentais e temperamentais, como crianças mais "medrosas" e inibidas. Há ainda evidências de que a exposição pré-natal à ansiedade materna prevê ansiedade e depressão na infância por volta dos 10 anos de idade

Pessoas que ouvem músicas tristes com frequência podem sentir maior ansiedade e neuroticismo

Algumas experiências musicais podem ter efeitos negativos na saúde mental. Ouvir músicas "tristes", para expressar emoções negativas, se relacionou com o aumento da ansiedade e do neuroticismo em todos os participantes de um estudo, particularmente os do sexo masculino. O neuroticismo, um dos cinco fatores da personalidade (The Big Five), é caracterizado por pensamentos negativos em uma variedade de situações, e inclui altos níveis de mau humor e preocupação.

Ansiedade na Psicanálise

O medo é algo real em que eu posso nomear, a ansiedade é esse objeto que não sei dizer o que é ao certo, mas sei que algo está para acontecer, essa ansiedade é a crise do desejo, expectativa demais, quero muito algo, ou não quero muito.

A angústia que Freud vai chamar de neurose de angústia, aparece no pânico, nele está muito interligado os acting out. ex bater à porta como um símbolo de que eu estou com raiva.

A ansiedade é a falha do desejo, expectativa demais, que vai se acumulando e não encontra saída a não ser pelo próprio corpo, aparece como uma somatização, Freud diz que o sintoma acontece pois houve uma falha no recalque, na repreensão.

Na clínica, nós tratamos esse desejo que não está encontrando saídas, sintonizamos o sujeito com o desejo, precisamos aprender a nomear e sentir esses desejos.

Não há como simbolizar tudo, indefinidamente. O que escapa a essa tentativa é representado pelo sinal de angústia no eu, e ainda assim a angústia vem como paradoxo, o de ser um afeto, e, por outro lado, uma expressão do inconsciente.

Referências Bibliográficas

ALEXANDER, Franz. Medicina Psicossomática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

Associação Americana de Psiquiatria-APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais– DSM-5. 5ªed. Porto Alegre: Artmed; 2014[cited 2018 Jan 11]. Available from: http://aempreendedora.com.br/wp-content/uploads/2017/04/Manual-Diagn%C3%B3stico-e Estat%C3%ADstico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5.pdf

Davis, Elysia & Glynn, Laura & Schetter, Christine & Hobel, Calvin & Chicz-Demet, Aleksandra & Sandman, Curt. (2007). Prenatal Exposure to Maternal Depression and Cortisol Influences Infant Temperament. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry. 46. 737-46. 10.1097/chi.0b013e318047b775.

Dados da Secretaria da Previdência 2016

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/06/1895999-crise-amplia-casos-de-afastamento-do-trabalho-por-ansiedade.shtml

GOUVEIA, Carina José Berenguer. BURNOUT, ANSIEDADE E DEPRESSÃO NOS PROFESSORES. 2010. 44 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado Integrado em Psicologia, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2010.

KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.; GREBB, Jack A.. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 7. ed. [s. L.]: Artmed, 1997. 1169 p.

LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean Bertrand Lefebvre. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001. (ISBN 978-85-336-1396-2). Tradução Pedro Tamen.

MEZAN, Renato. Freud: a trama dos conceitos. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006.

Organização Mundial de Saúde-OMS. Depression and other common mental disorders: global health estimates[Internet]. Geneva: WHO; 2017[cited 2017 Nov 04]. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/254610/1/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf

VIANA, Milena de Barros. Freud e Darwin: ansiedade como sinal, uma resposta adaptativa ao perigo. Nat. hum., São Paulo , v. 12, n. 1, p. 1-33, 2010 . Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302010000100006&lng=pt&nrm=iso. acessos em 18 ago. 2019.

WARTEL, Roger et al. Psicossomática e Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996. Tradução: Luiz Forbes.

ZIMERMAN, David E.. MANUAL DE TÉCNICA PSICANALÍTICA. Porto Alegre: Artmed, 2008. (ISBN 978-85-363-1531-7).

ZIMERMAN, David E.. Psicanálise em perguntas e respostas: verdades, mitos e tabus/ David E. Zimerman. Porto Alegre: Artmed, 2007. (ISBN 978-85-363-1229-3).

ZIMERMAN, David. Vocabulário contemporâneo de psicanálise. Porto Alegre: Artmed, 2008. (ISBN 978-85-363-1414-3).

psicologia clínica

O QUE É A ANSIEDADE?